PROVEITO DO SILÊNCIO,
de
Vianney Mesquita
Ana
Paula de Medeiros Ribeiro*
Oculte o que sente, o que pensa. Orne-se e exalte-se de ignotos esplendores a alma na prisão dos sentidos. Admire-se, aprecie-se e cale-se.
FIÓDOR IVANOVITCH TIÚTCHEV, poeta russo. Ovstug,
05.12.1803; San Petesburgo, 27.07.1873
O soneto Proveito do Silêncio, do mestre palmaciano Vianney Mesquita, reproduzido sequentemente, abre sua nova obra Reservas da Minha Étagère (Arcádia Nova Palmaciana, 2024).
A profundidade filosófica do poema é um convite ao mergulho na erudição e na delicadeza de um autor que trata o silêncio não como ausência, não como vazio, mas como substância. Vianney eleva o silêncio a um patamar quase sagrado.
À extensão dos catorze versos, desenha diversos contornos para o silêncio. Inicialmente, o trata como escolha; em seguida, recomenda que o cultivemos com base na lógica e na razão, especialmente quando for preciso manter a harmonia. Mais adiante, assegura que, mesmo sem palavras, é possível haver esplendores. Declara, fechando a peça, que o amor pleno se realiza na comunhão dos espíritos, na qual as palavras se tornam desnecessárias.
Com esta belíssima composição poética, o Autor expressa a trilha metodológica para a leitura de toda a sua obra. O texto convida à introspecção, à contemplação da linguagem como chave para a transcendência. As estrofes nos sussurram: leia com pausa, quase em oração. Silencie-se para colher o proveito da atmosfera de erudição e profundidade que encontrará em Reservas da minha Étagère. O silêncio é a linguagem necessária para esse mergulho.
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