Excursão da Prof.a.
Dra. Ana Paula de M. Ribeiro pela mais Recente Produção de Vianney Mesquita
Sousa Nunes*
Assinala Quinto Horácio Flaco, em sua Arte Poética: Muitas palavras que já caíram renascerão, e as que agora estão em voga e estimação também hão de cair, se assim o quiser o uso, o qual é o juiz, o árbitro da linguagem.
Vem
o sábio Napoleão Mendes de Almeida e completa: Não disse HORÁCIO que tanto
mais caprichoso é o uso de um idioma quanto menos escolas tem a Nação que o fala?
De tal forma se entranham solecismos e barbarismos no falar de universitários
que de estranho nada se poderá encontrar dentre pouco na afirmação de que a
língua que se fala no Brasil não tem gramática nem vocabulário que a
caracterizem. Se não há muito escarnecia-se o erro, hoje o estudioso e lido é o
que se escarnece (Dicionário de Questões Vernáculas).
Assente neste fertílimo terreno regado por Quevedo, Horácio e N. M. Almeida, reporto-me a uma alteada manifestação de Ana Paula em relação ao novo livro, Reservas da minha Étagère, do Prof. Vianney Mesquita (Arcádia Nova Palmaciana / Academia Cearense de Literatura e Jornalismo – 2024), ao se debruçar com rigor e sensibilidade sobre essa obra monumental, em texto editado aqui na ACLJ, em 24 de abril recém transato (Nas Prateleiras do Gênio).
Ana Paula de Medeiros Ribeiro, além de
cumprir a exigente tarefa de análise crítica, o fez com a rara firmeza de quem
alia erudição sólida a uma percepção estética apuradíssima.
Sua resenha, moldada com a argúcia de quem compreende o labor e a vastidão de uma inteligência em estado de emoção contínua, é, ela própria, um tributo à obra que comenta.
De frase em frase, desenha-se o contorno da grandeza do Autor comentado, ao mesmo tempo que o lê e decodifica com visão atenta à arquitetura da linguagem e à tessitura do pensamento.
A obra de Vianney Mesquita, densa, original e inconfundível, procede de uma inteligência invulgar – dessas que transitam com igual desenvoltura pela reflexão filosófica, via crítica filológica e caminho da expressão literária, compondo um conjunto que desafia classificações fáceis e exige do leitor atenção e, particularmente, reverência.
Há na pena de Ana Paula admirável configuração de clareza e profundidade, sobriedade e entusiasmo discreto – virtudes raras, que fazem de sua resenha um juízo acerca de uma produção científica, literária e, mormente, um gesto de verdadeira celebração intelectual.
Ante a grandiosidade do Autor e da inteligência da Leitora sob escólio e que o examinou, resta-me o grato sentimento de que a palavra escrita continua sendo, em mãos de tal modo hábeis, o mais nobre veículo da permanência e da consagração.
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