sábado, 3 de outubro de 2015

APRECIAÇÃO LITEROCIENTÍFICA - Imagens Calidoscópicas (VM)


IMAGENS CALIDOSCÓPICAS
DA FORMAÇÃO HUMANA
Vianney Mesquita*


A ciência é uma esplêndida decoração para a sala superior do homem, se ele possuir no rés-do-chão uma boa dose de bom senso.


A sentença à epígrafe constitui para nós uma lembrança sugerida como judiciosa expressão do médico e escritor estadunidense Oliver Wendel Holmes (não confundir com o jurista homônimo e seu filho), havido pela crônica internacional como um dos melhores autores do século XIX. 
(YCambridge, Massachusetts, 29.08.1809 - Boston, Massachusetts,07.10.1894).

O notável versificador de Sol e Sombra parece querer lembrar o fato  a ser de plena consciência dos produtores do saber de que a communis opinio é indicadora relevante do feito oriundo do conhecimento parcialmente ordenado, ao se contabilizar, é claro, a imaginação de quem sugestiona um princípio com suporte no qual é possível aportar a um ror de deduções, as quais, ajuntadas, perfazem a hipótese, ponto de partida do esforço de descoberta em Ciência.

Neste passo, é expresso um dos pressupostos, ético e intelectivo, esperados do pesquisador – o de ele portar bom sentido, isto é, de poder, perícia ou suficiência para distinguir entre o enganoso e o veraz, separar o bom do mau e diferençar o bem em relação ao que é mal, sem serem requeridas técnicas e ardis – lícitos, é claro  ou reclamadas reflexões mais elaboradas. À míngua dessa habilidade, significa se procurar, debalde, um feito científico, não se tencionando, entretanto, expressar, evidentemente, a noção de que esse saber desordenado, à esquerda dos procederes metódicos, é bastante para encontrar um fato devidamente sistematizado. Restam, pois, outras instâncias a serem apropriadas para configurar uma suposição provável, necessitada, porém, de convalidação, para poder, com base nela, o operário da pesquisa insistir na demanda do evento científico, com boa possibilidade de aportar ao fim perseguido.

O bom e escrupuloso leitor pode facilmente lobrigar neste livro organizado – e escrito, também – pela Professora Doutora Ercília Maria Braga de Olinda, a qualidade indiscutível dos escritos nele acomodados, cujos subscritores das matérias detêm não somente o sentido humano, senão, também, toda a equipagem requerida para conformar o perfil de um investigador de boa crase, conforme é expressa, notadamente no que concerne a sua distinta preparação intelectual.

Formação Humana – Imagens Calidoscópicas recebe a chancela de um pugilo de professores de departamentos e escolas superiores diversas, reunidos em saudável conjunto, a fim de debater, sob o espectro da reflexão sistemática e com cariz interdisciplinar, aspectos relativos ao assunto formação da pessoa, de induvidosa importância nos dias atuais, levando em conta a crise incidente sobre a sociedade do trabalho, ao trazer profunda e grave interferência na vida das comunidades, em especial no âmbito daqueles não portadores de boas circunstâncias de trabalhabilidade. Este, aliás, é um termo neológico ora empregado com certa munificência linguística, no intento de significar a prontidão técnica, o preparo moral e intelectual do trabalhador, que lhe assegurem assumir um lugar oferecido pelo frugal e exigente mercado, mormente aos desempregados, que a literatura chama de contingente de reserva e dicções similares.

Formação Humana – Imagens Calidoscópicas aglomera temas de assunta faculdade analítica, onde os autores se posicionam fidelíssimos aos achados proporcionados pelo seu raciocínio lógico, abandonando o mau vezo de se reportar a posições part pris, tampouco ópticas destorcidas que transponham os sucessos recolhidos nas seus bem compostos raciocínios.

Este, pois, é um livro sincero, muito bem escrito, até com certo padrão elocutório, como redigido apenas por duas mãos e cérebro único, pois a Professora Doutora Ercília Maria Braga de Olinda, zelosamente, logrou imprimir-lhe certa unidade, com vistas a lhe facilitar a decodificação por conta da estesia quase imutável de sua composição.

É, pois, indene de dúvida, uma vitória da indústria humana sobre o marasmo universitário, tão natural no azo da crise, nomeadamente em alguns desvãos do saber, aclamação das forças da vontade a sapatear sobre o fantasma do abatimento, desídia e incompetência do chamado baixo clero universitário.    


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