domingo, 28 de abril de 2013

NOTAS ACADÊMICAS



CICLOS DA VIDA

A jornalista goiana Edilma Neiva virá ao Ceará lançar o seu romance de estreia, Ciclos da Vida, no Ideal Clube de Fortaleza, no próximo dia 03 de maio. A obra será apresentada pelo Ministro Ubiratan Aguiar. A noite de autógrafos conta com o apoio cultural das Faculdades 7 de Setembro e Farias Brito, e é organizada pela ACLJ.


Edilma é casada com o também jornalista Wilson Ibiapina, Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação em Brasília, que na mesma noite de 03 de maio, no Ideal Clube, tomará posse na Cadeira de nº 39 da ACLJ, para a qual foi eleito em dezembro. 

Na oportunidade, Ibiapina descerrará o retrato em óleo sobre tela do Patrono Perpétuo da Cadeira acadêmica que ocupará, o saudoso publicitário Tarcísio Tavares. A pintura, de autoria do confrade Reginaldo Vasconcelos, sob orientação técnica do artista plástico Vlamir de Sousa, inaugurará a galeria de patronos da ACLJ.



































CHANCELER AIRTON QUEIROZ É O NOVO MEMBRO BENEMÉRITO DA ACLJ

O Chanceler da Universidade de Fortaleza UNIFOR, Airton Vidal Queiroz, Presidente da Fundação Edson Queiroz,  foi aclamado para receber a mais alta dignidade da nossa Academia – o título de Membro Benemérito – e na próxima Assembleia Geral Aniversária de 04 de maio, no auditório da Associação Cearense de imprensa, será homenageado, com a outorga oficial da honraria a que fez jus.  

quinta-feira, 25 de abril de 2013

CRÔNICA


PROBLEMA


Varou a madrugada pensando naquele problema. Problemão, aliás. Evitou deitar-se na hora habitual. Esticou mais um pouco a leitura, até porque o sono não chegara. Encostou o livro, virou de lado e... Nada! Só aquele problema repercutindo incessantemente em sua cabeça como se levasse seguidas marteladas no crânio.

Dormiu por pura exaustão. Um sono leve e assustado. A cada susto o coração disparava, parecendo que entraria em colapso a qualquer momento. Minutos intermináveis até dormir novamente. O mesmo sono leve e assustado.

Acordou um trapo. Enfadado, cansado, com olheiras. E com o problema do mesmo tamanho que antes. Não conseguiu tomar café. Não cumprimentou o vizinho no elevador. Não se apressou no trânsito. Afinal, pressa para que? Queria somente que aquele dia passasse logo, os fatos se consumassem e pudesse, enfim, tirar aquele peso dos ombros.

Chegou a hora, o momento da verdade. O problema lhe foi exposto em toda a sua dimensão, com todos os nervos à mostra, todas as suas implicações e consequências. “Solução?”, perguntaram-lhe, dirigindo-lhe um olhar severo.

Avaliações diferentes resultam em conclusões diferentes. Às vezes somente na intensidade, mas diferentes. Soluções diferentes traduzem ângulos diferentes de ver uma situação.

O maior dos problemas é a morte, ou a forma que lidamos com ela. Se o convívio é “bom”, temos a solução de praticamente todos os outros problemas da vida. Todos infinitamente menores (se é que a morte é um problema). Pensando assim, conseguimos nos libertar de muitos males e aflições, mas é difícil, reconheçamos.

Expôs seu ponto de vista sobre a questão e a solução imaginada. Pensavam iguais! Surpresa e alívio! Concordância: sempre desejável, nem sempre possível.

Perdera a noite e, momentaneamente, a paz. Responsabilidade! Chegou até a desejar não estar mais no mundo dos vivos, mas logo em seguida percebeu ser esse um mau negócio, pelo menos por hora. Por fim, triunfou. Mas esse sucesso poderia ter sido menos dolorido. Para tanto, bastava-lhe um “fodam-se” no meio do caminho...
Por Altino Farias 
Cadeira nº 16 da ACLJ











CRÔNICA

O BURRO, O REI OU EU...

No país “rabo de palha”, glorifica-se a desfaçatez; é um sentimento que se generaliza ligado à gestão do “rouba, mas faz”, em que corruptos e corruptores agem à solta, e o cidadão deixa de confiar nas suas instituições.

A mídia denuncia escândalos de dar inveja a qualquer Dom Corleone da vida. Abafa-se um escândalo, rebenta outro. A esperteza entroniza-se, trabalho e dignidade vão para o brejo. Sem acanhamento, um senador sugeriu que os candidatos derrotados fossem “recompensados” com a manutenção de afilhados políticos nos cargos federais.


A corrupção, a violência e a desagregação sociopolítica instauraram-se no país. Queiramos ou não, tudo isso é gerado nas entranhas do governo quando oradores profissionais da verborreia atraem irresistivelmente os incautos com ajudas humilhantes - fontes da ociosidade que embotam a cidadania.

Com essa estratégia, o sistema mantém a ignorância do povo que se contenta com “pão e circo”. O nosso jurisconsulto maior, Rui Barbosa, a respeito dela, disse tudo: “A chave misteriosa das desgraças que nos afligem é esta; e somente esta: a Ignorância! Ela é a mãe da servilidade e da miséria”. E não é à toa que Macunaíma se tornou “herói de nossa gente”.

Nesse ritmo, a insolência retrata a conhecida fábula “O burro, o rei ou eu”: o charlatão jurou fazer do burro um brilhante orador, mas só ao fim de dez anos; a recompensa seria morar com todas as pompas no castelo do rei. Interpelado, certa vez, por um amigo que achava isso uma insanidade, respondeu: “Ora, daqui a 10 anos, o rei, o burro ou eu, um pelo menos há de morrer". Então, indagou-lhe: “E se isso não acontecer?". O impostor redarguiu: “Fácil! Eu cuido de matar o burro!”.

Eis a nossa realidade. Fazedores de discursos, populistas, inspirados na própria mentira, germinam promessas mirabolantes focadas no poder; assim, fazer do Brasil um país sério é façanha igual à de fazer um burro falar.

Por Paulo Maria de Aragão
Advogado e Professor
Cadeira de nº37 da ACLJ 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A PALAVRA DESCALÇA


O médico e poeta José Telles lançou, na noite de ontem, 17 de abril, o livro “A Palavra Descalça”, com uma coletânea de crônicas saborosas, vazadas na mais inspirada prosa poética.

O Prof. Geraldo Jesuíno da Costa, membro da ACLJ, elaborou a capa e as ilustrações da obra, e produziu o texto das orelhas do livro, enquanto o Prof. Vianney Mesquita, gramático e filólogo que também integra da ACLJ, realizou a revisão.  

A noite de autógrafos teve lugar no Terraço da Cultura do Ideal Clube de Fortaleza, do qual o autor é Diretor de Cultura e Arte. A apresentação da obra foi feita pela poetisa Regine Limaverde.

Muito concorrido, estavam presentes ao evento os acelejanos Luciano Maia, Reginaldo Vasconcelos e o ex-governador Lúcio Alcântara, além de Geraldo Jesuíno – como também o Ministro Ubiratan Aguiar, o desembargador Durval Aires e o poeta Jorge Tufic, dentre outros integrantes do mundo acadêmico-literário cearense.  

Também prestigiaram a noite de autógrafos, inclusive, o ex-Presidente da Academia Cearense de Letras, o médico Pedro Henrique Saraiva Leão, e o Presidente da Academia Cearense da Língua Portuguesa, o jornalista Vicente Alencar.

Uma nota do editor na contracapa define da seguinte maneira o autor do livro:

Membro da Academia Cearense de Letras, praiano, nasceu na Vila de Bitupitá, entre dunas semoventes e manguezais movediços. José Telles desde cedo soube que as vírgulas respiram, nos pontos calam, os apostos se declaram, etc. Por esse viés, soube ser herdeiro de fragmentos hipocráticos legendados na mitológica ilha de Cós. E mais, ainda entre o sonho e o mito, soube  cortejar as temidas Parcas (Cloro. Láquesis e Átropos) para ter vida longa e um dia ser amante da poesia. Entre outros títulos, publicou: Conversando (1996), Poemas Estivais (1997), Sermões de Pradaria (2001), O Lacre do Silêncio (2004) e O Solo das Chuvas (2007), todos de poesia.” 

sábado, 13 de abril de 2013

CRÔNICA


O FIM TAMBÉM É PROSAICO...


Geralmente cultivada com o aumento de fortunas, a soberba faz o homem esquecer a mortalidade, mas, “desde que o mundo é mundo”, se habituou a ver e ouvir que se trata de um evento de ordem natural para o qual não há remédio.

A depender da crença e da filosofia, por que é tão temível? Aos desafortunados viventes sobram consternação e apuro ante as despesas funerárias. Todavia, a regra não se aplica a todos; outros a fazem de degrau para contentar a vaidade, numa demonstração de luxúria e ostentação.

Talvez, nessas horas, do outro lado, o falecido acorde do sono profundo, zombeteie e ria do teatro, das futuras “brigas de foice” entre herdeiros, até da alegria do suplente político que ocupará a sua vaga.

A despeito disso, o assunto teve conotação lúdica em um recurso extraordinário interposto pela Prefeitura Municipal de Pirassununga, em ação que respondia por haver removido uma placa mortuária a teor do epitáfio:

Bípede, meu irmão, eis o fim prosaico de um espermatozoide que, há mais de 80 anos, penetrou num óvulo, iniciou seu ciclo evolutivo e acabou virando carniça. Estou enterrado aqui. Sou o Chico Sombração, xingai por mim. Francisco Franco de Souza”, o qual faleceu em 1968.

O de cujus, enterrado no cemitério local, era um personagem irônico, boêmio, com acurado senso de humor. A vontade de Chico Sombração não pôde ser respeitada, uma vez que a inscrição tumular foi considerada incompatível com os “princípios gerais e éticos”.

Assim, a retirada da lápide, por conter manifestação irreverente, mas verdadeira, reconheceu o poder de polícia da municipalidade. O que então era do domínio privado da cidade, ex vi da decisão do STF, ganhou foros de notoriedade e mais publicidade com o registro nos anais de sua jurisprudência.

Contudo, o Sombração alcançou o seu objetivo a respeito da verdade biológica: todos nascem, mas todos morrem; zombou ainda dos egoístas miseráveis que, reduzidos a nada, não têm o direito de saber o destino de seus bens post mortem.

Tudo finda debaixo do Sol. O retorno ao pó da terra não tem exceção. Apenas o amor resiste à morte e, se cumprida a missão, haverá o merecido descanso. Como nos ensina o convertido apóstolo Paulo: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”.

A saga humana, independente da condição social, termina na sombria e silenciosa campa ou em um forno crematório.
 
Por Paulo Maria de Aragão
Advogado e professor
Membro do Conselho Estadual da OAB-CE.
Titular da Cadeira de nº 37 da ACLJ









sexta-feira, 12 de abril de 2013

CRÔNICA


O CASO MARCO FELICIANO
  
Eu tenho um juízo severo sobre a pessoa do deputado Feliciano, por entender que, como pastor, ele se mostra fraco em teologia, ao formular interpretações tão equivocadas.

Pastores deveriam, como os juízes de direito e os militares, deixar o ministério ao se lançarem na política, para que as Igrejas não se tornem objeto da cobiça de aproveitadores que intentam transformá-las em currais eleitorais, e para não provocar divisionismo nas congregações, pois a política, invariavelmente, apaixona e divide.

Segundo foi divulgado, o referido deputado cobrou alguns milhares de reais para pregar numa igreja no Rio Grande do Sul. E chega. É o bastante para se pensar muito mal a respeito dele.

Todavia, o fato de que um deputado, eleito com a mesma legitimidade de qualquer outro parlamentar, não possa integrar uma comissão do Congresso, exercendo regularmente o seu mandato por pensamentos que expressou, evoca um tipo penal hediondo, de triste memória: o "delito de opinião".

Não importa quão equivocada seja uma opinião, emiti-la não pode ser crime, salvo para mentalidades totalitárias. Assim, além de se estar imputando ao deputado "delito de opinião", está sendo constituída uma situação que ameaça a liberdade de expressão do pensamento.

Órgãos do Congresso, a exemplo da Comissão de Direitos Humanos, estão sendo aparelhados pelos grupos "politicamente corretos", o que subtrai representatividade ao Legislativo, que deve abrigar representantes de todas as correntes de opinião existentes na sociedade. 

Isso significa que temos uma democracia de aparências, enganosa, com DNA totalitário. O pior é que isso vem sendo praticado por quem vive com a boca cheia de palavras como “tolerância”, “diversidade” e “pluralismo”. A hipocrisia se desmascara, quando  intolerantes invocam a tolerância.

Estamos vendo um órgão do Congresso Nacional ser paralisado por grupos agressivos que recorrem a meios violentos para inviabilizar o funcionamento da CDH, desrespeitando a eleição democrática dos representantes do povo para o Congresso e desrespeitando a escolha dos integrantes das comissões do Congresso pelos seus pares, de acordo com a forma regimental.

O desrespeito ao que está consagrado no ordenamento jurídico (ato jurídico perfeito) destrói a segurança jurídica de todos os brasileiros, porque já não se sabe se os nossos direitos regularmente constituídos têm valor ou não. Sem segurança jurídica não existe democracia, não existe direito nem paz social. É a implantação da ditadura do "politicamente correto", na base da agressividade de minorias arrebanhadas e manipuladas. O tão lembrado "Estado Democrático de Direito" dá lugar ao Estado de fato, ou dos fatos consumados.

Algumas das ideias do deputado Feliciano deveriam ser debatidas e derrotadas pelo voto. Mas não é o que estamos presenciando. Conclusivamente, podemos dizer:

1) Marcos Feliciano representa uma parcela expressiva da sociedade brasileira;


2) A parcela do sociedade que ele representa tem o direito de se manifestar, e de se fazer representar no Congresso; 

3) Ele é o representante de uma parte da chamada "maioria silenciosa", que é silenciosa demais, sendo um fato alvissareiro que tal parcela, até então sem voz, tenha encontrado uma tribuna e um representante;

4) As restrições que se podem fazer ao Deputado Feliciano (eu faço muitas) não desmentem o valor da contribuição que ele está dando à sociedade brasileira, que faz lembrar a figura do deputado Roberto Jefferson, homem de procedimento altamente reprovável, mas que prestou um enorme serviço ao Brasil, ao denunciar o mensalão, não importa os motivos que o impulsionaram.
      Por Rui Martinho Rodrigues
     Jurista, teólogo, advogado
     Professor de História Política
     na Universidade Federal do Ceará
     Presidente da ACLJ












domingo, 7 de abril de 2013

NOTAS ACADÊMICAS


CICLOS DA VIDA


A jornalista goiana Edilma Neiva virá ao Ceará lançar o seu romance de estreia, Ciclos da Vida, no Ideal Clube de Fortaleza, no próximo dia 03 de maio. A obra será apresentada pelo Ministro Ubiratan Aguiar. A noite de autógrafos conta com o apoio cultural das Faculdades 7 de Setembro e Farias Brito, e é organizada pela ACLJ.


Edilma é casada com o também jornalista Wilson Ibiapina, Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação em Brasília, que na mesma noite de 03 de maio, no Ideal Clube, tomará posse na Cadeira de nº 39 da ACLJ, para a qual foi eleito em dezembro. 


























CHANCELER AIRTON QUEIROZ É O NOVO MEMBRO BENEMÉRITO DA ACLJ

O Chanceler da Universidade de Fortaleza UNIFOR, Airton Vidal Queiroz, Presidente da Fundação Edson Queiroz,  foi aclamado para receber a mais alta dignidade da nossa Academia – o título de Membro Benemérito – e na próxima Assembleia Geral Aniversária de 04 de maio, no auditório da Associação Cearense de Iimprensa será homenageado, com a outorga oficial da honraria a que fez jus.   

SOLENIDADE


OITENTA ANOS DA OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil Secção do Ceará (OAB-Ce) completou 80 anos, fundada que foi em 30 de março de 1933, por integrantes do Instituto dos Advogados do Brasil no Ceará, iniciativa de Edgar Arruda, José Martins Rodrigues e Clodoaldo Pinto.

Era um tempo em que o Ceará perdia o seu provincianismo, constituindo-se em sociedade organizada. Por exemplo, pouco antes, em 1925, era criada a Associação Cearense de Imprensa, a nossa veneranda ACI, para congregar os jornalistas.

Por proposição do Deputado Heitor Ferrer, com apoio do presidente José Albuquerque (um médico e um matemático), a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará realizou uma sessão solene para homenagear a OAB-Ce, na noite deste 04 de abril de 2013.

Três integrantes da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo receberam comendas de honra ao mérito durante a solenidade.
Cândido Albuquerque e Roberto Martins Rodrigues
O ex-presidente da OAB-Ce Roberto Martins Rodrigues, filho de um de seus fundadores, titular da Cadeira de nº 6 da ACLJ; o também ex-presidente da OAB-Ce Cândido Albuquerque, ocupante da Cadeira de nº 15 do nosso silogeu; o atual Presidente Valdetário Monteiro, que é Acadêmico Honorário. 
 Valdetário Monteiro



sábado, 6 de abril de 2013

NOTA BENE


AVISOS À CIDADANIA

1. Se lançarem um ovo no seu para-brisa não acione o limpador, nem jogue água, pois isso vai produzir um grude leitoso que vai impedir a visibilidade, e vai obrigá-lo a parar o carro – para então ser assaltado.

2. Se colocarem um papel no vidro traseiro do seu carro, mesmo que isso lhe impeça a visão pelo retrovisor central, vá embora, e somente pare para retirar o papel em local seguro.

3. Se vierem lhe pedir para mover o seu carro, estacionado na rua, para liberar outro veículo ou uma porta de garagem, principalmente à noite, desconfie. Não vá sozinho e confira de longe a situação.

  

EDITAL



ELEIÇÕES ADMINISTRATIVAS

De Conformidade com o art. 14 do Estatuto desta ACLJ, combinado com os arts. 16 e 17 do seu Regimento Interno, com antecedência de 30 dias o Sr. Presidente Rui Martinho Rodrigues convoca eleições para os componente da Diretoria que assumirá o próximo mandato administrativo da Entidade, que transcorrerá entre os dias 04 de maio de 2013 e 04 de maio de 2014.

Outrossim, comunica de já a inscrição da chapa “Núcleo Duro”, que, em sendo única, tomará posse na próxima Assembleia Geral Aniversária, em 04.05.13, na composição descrita abaixo:

Presidente – Rui Martinho Rodrigues
Secretário-Geral – Reginaldo Ayrton P. Vasconcelos
1º Secretário – Altino Farias
2º Secretário – Dorian Sampaio Filho
Tesoureiro – Paulo Roberto Coelho Ximenes 



terça-feira, 2 de abril de 2013

ARTIGO



Ex-diretor do DNOCS fala sobre o açude Castanhão 
e a seca no Ceará

O distinto jornalista Roberto Moreira, editor deste Blog, solicitou-me fazer uma análise consubstancial sobre o papel do Açude Castanhão, tendo em vista o quadro de incertezas face à seca que o Estado do Ceará está enfrentado no seu segundo ano consecutivo.

Como toda a comunidade cearense sabe, a discussão em torno da construção do Açude Castanhão (à sombra dos interesses da poderosa Construtora Andrade Gutierrez) durou mais de quinze anos, a partir do ano de 1985, quando ele surgiu no cenário técnico do Estado do Ceará. Digo “surgiu” porque até aquele ano, ao contrário do marketing dos seus promotores e defensores, nunca se havia falado na construção da referida obra.

Não havia, portanto, menção a essa barragem, nem nas publicações do DNOCS, e muito menos nas da SUDENE (Estudos de Base do Vale do Rio Jaguaribe – doze volumes). Os seus promotores e defensores diziam que o referido açude iria resolver “definitivamente”, o problema da seca em todo o Estado do Ceará, e que não iria faltar mais água em nenhuma região deste Estado.

O Castanhão, afirmavam, era o “pulmão” do Projeto do Rio São Francisco e outras e aleivosias próprias de um forte marketing formado em cima desse empreendimento. Houve um distinto Conselheiro no COEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente), favorável à obra, que chegou ao cúmulo do absurdo de dizer que o Açude Castanhão “iria resolver não só o problema da falta de água no Ceará, como de todo o Nordeste”. Outro Conselheiro, em seguida, ironizou: “Não só do Nordeste, do Brasil e do Mundo”.

O referido açude foi construído a jusante (abaixo) do Açude Orós, que na seca de 1991 a 1993 foi quem, de fato, salvou a cidade de Fortaleza e de sua Região Metropolitana do caos, graças à construção do Canal do Trabalhador pelo então Governador Ciro Gomes.

Afirmo que o Açude Castanhão, na seca atual, se ainda não existisse, a Região Metropolitana de Fortaleza seria atendida pelo Açude Orós, como ocorreu no ano de 1993. Além do Açude Orós, que a esta altura está com mais de 67% de sua capacidade total de acumulação de água, ainda teria como garantia o Açude Banabuiú, que está com cerca de 45% de sua capacidade.

Portanto, não procede a afirmação de que Fortaleza está sendo “salva” graças ao Açude Castanhão, que nestes dez anos de construído, a bem da verdade, ainda não foi requisitado para os objetivos para os quais ele foi preconizado, apesar da propaganda em contrário dos seus antigos seguidores e defensores que dele se utilizam para promoções pessoais.

A minha tese era que o Açude Castanhão poderia ser construído com 1,2 bilhão de metros cúbicos, como parte de um conjunto 10 a 12 barragens de médio porte distribuídas espacialmente em todo o Vale do Rio Jaguaribe. Ele seria um deles. Mas optou-se, por razões que desconheço, nem quero aqui entrar nesse mérito, por construir esse reservatório pontual com 6,7 bilhões de metros cúbicos, numa região que já era perenizada (pasmem!) pelos Açudes Orós e Banabuiú.

Eu dizia, inclusive, que aquele planejamento de bzrragens, que não era meu, mas do DNOCS, iria “democratizar a água”. É como se todas as disponibilidades hídricas do vale do Rio Jaguaribe fossem localizadas num só ponto, a apenas 150 quilômetros do mar, praticamente no litoral, onde não há seca, pois que todas as cidades do litoral cearense estão fora do estado de emergência decretado pelo Governo Estadual. Entretanto, há regiões no próprio vale do Rio Jaguaribe que, dentro de dois meses, se não chover,  não terão mais uma gota de água para abastecer a sua população.

Eu, como cidadão, fiz a minha parte. Antevi tudo o que poderia acontecer. Agora é tarde, Inês é morta. O jeito é tentar conviver com este erro histórico de engenharia extraindo do Açude Castanhão os diminutos benefícios que aquela barragem ainda pode oferecer. No mais, se isso serve de consolo, ficamos com um gigantesco e belo monumento de engenharia, podendo até mesmo ser explorado para fins turísticos.

P.S.- Confesso-me indignado, e posso afirmar que os defensores do Açude Castanhão não fazem jus ao diploma que receberam da Escola de Engenharia onde estudaram. Por essas e muitas outras razões, que não cabem aqui elencar, aquele açude foi condenado, por unanimidade, pelo Tribunal da Água, com sede em Copenhagen, quando realizado, à época, em Florianópolis, Santa Catarina. Como ex-técnico do DNOCS  fico com a consciência tranquila porque tive a  oportunidade de registrar e preconizar tudo relativo a esse empreendimento no livro “A Face Oculta da Barragem do Castanhão – Em Defesa da Engenharia Nacional”, editado em 1999. Ou seja, tudo o que foi dito naquela publicação está se confirmando dez anos depois que a referida obra foi concluída.

Cássio Borges
Engenheiro civil
Ex-Diretor Regional do DNOCS
Diretoria de Estudos e Projetos
Membro Honorário da ACLJ
Publicado em 01/04/2013
No Blog do Jornalista Roberto Moreira
Titular da Cadeira de nº 31 da ACLJ